Ghost of Tsushima – entre a honra e a sobrevivência (contém spoilers)

Ghost of Tsushima

8.9

Jogabilidade

8.5/10

Gráficos

9.0/10

História

8.5/10

Diversão / Experiência de jogo

9.5/10

Pros

  • Jogo super divertido
  • Modo foto é maravilhoso
  • História interessante
  • Proposta de combate

Cons

  • Pequenos problemas de textura - não tão significativos
  • Câmera de combate às vezes atrapalha (em especial locais internos)
  • Alguns arcos da história são meio clichês

Em ‘comemoração’ do lançamento do multiplayer que acontecerá hoje, 16 de outubro, estamos publicando nossa resenha de Ghost of Tsushima.

ESTE TEXTO CONTEM SPOILERS

A esta altura o jogo Ghost of Tsushima já não necessita de grandes e detalhadas apresentações. O jogo se passa durante uma das tentativas de invasão da ilha de Tsushima pelo império Mongol (há uma mistura mistura entre ficção e fatos históricos e não será nossa intenção detalhar esta questão – o documentário que vem junto com a versão steelbook, para baixar, aborda isto, é muito bom e conta com a participação de um especialista neste período histórico). Jogamos com Jin Sakai, um dos poucos sobreviventes da batalha após o desembarque das tropas mongóis na costa de Tsushima.

Jin é um guerreiro honrado e que está disposto a fazer qualquer coisa para livra sua terra natal das hordas inimigas… qualquer coisa, até mesmo abrir mão do código samurai. Dentro da sociedade japonesa o o código de honra do samurai teve (não sei se ainda tem) uma papel muito importante, inclusive no sentido de pacificar o país naquele momento. De tal modo que, na concepção do tio de Jin, por exemplo, é preferível a derrota honrada a usar as armas do inimigo (vistas como traiçoeiras) – Jin terá uma posição BEM contrária a isto!

A história é dividida em 3 Atos, que estão associados a três regiões da Ilha de Tsushima e três momentos da narrativa: o primeiro, até a libertação do tio de Jin (que foi preso após a batalha inicial com os mongóis; o segundo até Jin eliminar toda uma fortaleza dominada pelos mongóis utilizando veneno, amplia o conflito com o tio, faz ele abrir mão de herdar a função de protetor de Tsushima e ele se assume o ‘Ghost’ – a ‘fama’ da figura do ‘fantasma’ já está presente desde o início, mas é neste momento que ele abre mão de seu passado samurai, como lorde do clã Sakai, e se assume o ‘fantasma de Tsushima’; e, o terceiro ato que vai até o combate final com o líder mongol, Khotun Khan.

Para Jin, mais importante do que seguir a ideologia que subjaz a ideia de samurai, é importante garantir que as pessoas de Tsushima possa sobreviver fora da tutela dos mongóis e dos mercenários contratados por eles (no caso, os ‘Chapéus de Palha’ – guerreiros da região que ‘vendem’ suas espadas a aqueles que podem e querem pagar, incluindo aqui um antigo ‘amigo’.

Cena da batalha fina ente Jin Sakai (o Fantasma de Tsushima) e Kothun Khan (líder da invasão mongol)

Análise técnica

Jogabilidade

Ghost of Tsushima apresenta algumas saídas interessantes para evitar (mais no início do jogo que no final) o problema dos ‘inimigos esponjas de balas’ (no caso aqui, espadadas). A proposta das espadadas que causam um dano significativos nos inimigos amplia um senso de realismo ao jogo. No entanto, mais para o final do jogo, isto vai se perdendo gradualmente (na tentativa de ampliar a dificuldade do jogo, na medida em que o ‘fantasma’ vai adquirindo novas habilidades). Assim como o dano que você sofre não afeta a sua movimentação e capacidade de reação – no passado houve um jogo de luta do PS1 que se chama Bushido Blade (teve o 1 e o 2) e o que sempre achei fantástico nele era, mesmo sendo um jogo de luta, não havia barra de energia e os golpes sofridos podiam comprometer sua capacidade de reação (ou mesmo empunhar a arma em determinada posição); parece que um grupo de desenvolvedores que estiveram envolvidos no Witcher 3 estão criando um jogo que retoma esta ideia.

O jogo possui duas grandes mecânicas, que se entrelaçam: o modo fantasma e o modo samurai – predominância de ações de um tipo ou outro no jogo interfere no clima(!), quanto mais emboscadas (e não desafios do tipo confrontos/duelos) são a forma de ataque utilizada, mais o tempo se torna chuvoso, com neblina, o que acaba criando condições mais propícias para que mais ataques deste tipo ocorram. No entanto, apesar de chegar numa fortaleza inimiga um pouco na surdina seja interessante, não há uma diferença significativa e motivacional para que você não saia correndo e matando tudo e todos (exceto nas missões específicas em que você não pode ser detectado).

Por fim, neste tópico, uma reclamação recorrente tem sido com relação a câmera de combate, que não ‘trava’ em um inimigo e, às vezes, tem um comportamento meio estranho. Ao meu ver, a forma como o combate se desenvolve no jogo demanda este tipo de câmera, mas poderia haver esta opção para quem prefere o outro estilo. Em locais fechados fica consideravelmente pior…

Gráficos

O gráfico é primoroso, possui um modo foto espetacular, uma preocupação com a fotografia e composição fantástica. Sem dúvida alguma estes itens contribuíram, significativamente, para as estatísticas impressionantes de fotos tiradas no jogo.

Mas nem sempre são flores… Em alguns lugares as texturas são meio estranhas e tive a impressão (posso estar equivocado) que isto ocorre mais na parte norte da ilha (associado ao 3º ato e, é também, a parte que tem neve). Minha experiência do jogo foi em um PS4 slim, então, pode ser que as texturas tenham recebido aprimoramentos na versão Pro.

História

A história é bem interessante, apesar de alguns arcos meio clichês. As aventuras secundárias (não todas, é claro) conseguem mobilizar elementos da cultura e arte local de forma interessante, dando destaque e levando ‘nosso heroi’ a locais sagrados ou, simplesmente, muito bonitos. O fato do fim do jogo não encaminhar para um romance merece destaque (em especial por haver indícios, ao longo do jogo, que isto poderia ocorrer).

Obviamente, infelizmente, há alguns furos na narrativa, mas não ao ponto de comprometer a experiência de jogo (como na situação em que Khotun Khan prende o Sakai, ele já é considerado um inimigo temível e não deixa um grupo de guardas vigiando ele! Eu assiste a aquilo pensando, WTF?!?!).

Diversão / Experiência de jogo

O jogo é super divertido e atrás uma experiência de jogo bem interessante! Simplesmente sair por Tsushima ‘caçando’ mongóis e chapéus de palha é muito bom (tenho a impressão que o jogo foi pensado para isto! A ideia é que você tenha uma herói combatente e não um governante – este é um tópico que aparece na história também), ou mesmo dedicar algum tempo viajando pelo costa a cavalo. As viagens a cavalo, por exemplo,  são menos realistas do que as de Rede Dead Redemption 2, mas são muito mais divertidas (os dois jogos tem propósitos bem diferentes). 

Comparando com outro jogo lançado no mesmo período, o The Last of Us: Part II, GoT é um jogo mais divertido, mas que entrega uma experiência menos intensa, de emoções suscitadas, do que seu colega, também concorrente ao GoTY. É um jogo que eu conseguia passar todo o fim de semana jogando ele (pela diversão proporcionada), quanto que TLOU 2 (apesar deu referir TLOU 2, num texto futuro sobre ele eu abordarei isto!). Eu diria que ambos são jogos para públicos distintos, que buscam experiências distintas quando vão jogar, e, neste sentido, diria que Ghost of Tsushima possui uma leveza maior.

Palavras finais (pelo menos até o lançamento da DLC Legends)

Pessoalmente sempre fico meio reticente com relação a afirmações do tipo ‘melhor jogo da geração’, pois, no geral, isto está associado a uma visão restrita em um único público (em especial quando o jogo é exclusivo de um console). De modo geral é mais fácil pensar, e analisar, em um jogo que marcou tecnicamente uma geração do que a formulação anterior. Minha afirmação parte de declaração de Dave Thier em uma postagem no site da Forbes intitulada ‘Ghost Of Tsushima’ Is The Game Of The Generation, o que, como já dá a entender, eu discordo.

Como está apresentado no meu texto, Ghost of Tsushima é um jogo ótimo, fechou com chave de ouro os exclusivos triple A da Sony para o PS4 e provavelmente será indicado para o The Game Awards – provavelmente de 2 a 4 categorias (Game of the Year, Action / Adventure Game, Art Direction, Narrative)! No entanto, não acredito que ele ganhará o GoTY, mesmo sendo um forte concorrente, mas provavelmente será premiado.

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Marcos Eduardo
Em busca da grande pergunta sobre a 'vida, o universo e tudo mais'!
Jogador e narrador de RPG na tentativa de aprender a pintar miniaturas e criar cenários para seus jogos!

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